segunda-feira, novembro 20, 2006

Tolerância excessiva

Fico sempre espantado com a excessiva tolerância das pessoas. O fumo de tabaco faz mal, principalmente quando condensado em locais fechados. No entanto, é uma situação permitida, tolerada e socialmente aceite. Como é que justificas isto? Se mata, como é que se pode permitir uma situação destas? Não entendo a passividade das pessoas. No final, quem levanta a voz em sinal de protesto é que fica a ser o mau da fita. Os não fumadores são vítimas. No entanto, parece que é ao contrário.

Eu não me oponho a que ninguém fume. Mas a liberdade não pode ser apenas para um grupo de pessoas. Tem de ser para todos. E se um fumador tem o direito de fumar, eu acho que tenho o direito de respirar, provavelmente ainda com mais legitimidade. Contudo, o fumador polui o ar que eu respiro, logo as duas actividades são incompatíveis em simultâneo. Quem deve ceder? O não fumador que apenas está a respirar? Ou o fumador que está a exercer o direito a um vício individual que lhe dá prazer mas que prejudica quem o rodeia?

Se me vais responder com: "Quem estiver mal que mude.", eu respondo-te que nessa situação estamos a condicionar a liberdade individual, garantida pela constituição, de um grupo de pessoas por causa do vício de outro grupo. Será justo? Eu até nem me importaria muito com esta situação se houvesse oferta nesta área. Mas a realidade é que não há, pelo menos em número suficiente, locais públicos sem fumo, como: restaurantes, cafés, shoppings, cabeleireiros e até casas de banho.

Nós sabemos porque motivo os fumadores estão tão defensivos. Os fumadores já sabem que o resíduo provocado por eles faz mal aos outros. Porque fumam então na presença de outras pessoas? Eu digo-te. Falta de respeito. Falta de civismo. Preguiça para se deslocarem para uma área mais adequada. Por acharem que o fumo do seu cigarro vai "evaporar" no ar e desaparecer, não afectando assim mais ninguém. Por acharem que a satisfação do seu vício é mais importante que a saúde das restantes pessoas. Em suma, por egoísmo e preguiça.

Podes chamar-me fundamentalista se quiseres. Não concordo mas tens o direito à tua opinião. Eu gosto mais de pensar que estou a lutar pelo meu direito de não fumar. Pelo direito à minha integridade física, garantido pelo artigo nº2 da constituição. Pelo direito de ser eu a decidir se quero morrer de cancro do pulmão.

Os fumadores passivos são isso mesmo, demasiado passivos!

sábado, novembro 18, 2006

Restaurantes com zonas para não fumadores

Num destes Sábados de início de mês, aconteceu-me uma situação caricata. Eu, a minha namorada e mais um casal amigo decidimos ir jantar fora. Como partilhamos todos a mesma atitude perante o maldito tabaco, decidimos procurar um restaurante que tivesse obrigatóriamente uma zona de não fumadores. Como era Sábado à noite, saimos da cidade para evitar confusões.

Começamos em Miramar, pelo restaurante Maresol. Este restaurante tem uma sala separada para não fumadores, que ainda ficava melhor se não tivesse ligação directa com a sala de fumadores. Enfim, já não é nada mau nos dias que correm. Quando lá chegamos fomos confrontados com uma fila de espera para a sala de não fumadores. Curiosamente, havia lugares livres na sala dos fumadores. Que estranho. Claro que fomos embora.

A próxima tentativa foi em Gaia. O fabuloso restaurante D. Gancho tem uma sala reservada para não fumadores com um sistema de ar condicionado que impede a entrada de ar oriundo de outras partes do restaurante menos respiráveis. Sabem uma coisa? É verdade! A sala dos não fumadores estava cheia e havia fila. Havia lugares livres na sala dos fumadores. Que estranho. Claro que fomos embora.

A tentativa seguinte foi a sala de não fumadores do Kapa Negra II. Querem saber uma coisa engraçada? Acertaram! A sala dos não fumadores estava cheia e havia fila. Nesta altura, já sem supresa, constatamos que havia lugares livres na sala dos fumadores. Fomos embora na mesma.

Acho que não vou continuar. Já devem ter percebido a ideia. Não ficamos sem jantar mas não correu como gostariamos. Fica para outro post.

Há uma lição a tirar daqui. Existe mercado para locais sem fumo. Infelizmente, os cegos proprietários hoteleiros estão tão preocupados em agradar aos fumadores. Estão tão preocupados em não perder clientes fumadores que se esqueçem completamente dos restantes clientes que não fumam e que mereciam ainda mais respeito e preocupação. Afinal de contas, um cliente com cancro não vai a restaurantes...

Chiça!!! Não percebem...

É difícil falar com fumadores sobre tabaco. Parece que a nicotina já lhes corroeu grande parte dos neurórios, responsáveis pela lógica do pensamento. Não percebem a questão fundamental desta luta. Vou escrevê-lo aqui para que fique registado:

BASTA UM MALDITO CIGARRO PARA CONSPURCAR UM AMBIENTE!!! UM!!! BASTA UM!!!

Perceberam agora? Ou vou ter de repetir?

terça-feira, novembro 14, 2006

Não estou sozinho

Eis que um apoiante da mesma causa se manifestou. Viva! Viva! Não estou sozinho.

O site em questão é apresentado em: http://no-smokezone.planetaclix.pt. Visitem que vale a pena. Tem artigos interessantes e algumas utilidades.

De destacar uma listagem de restaurantes, por todo o país, com zonas para não fumadores, disponível em: http://no-smokezone.planetaclix.pt/html/places.html.
Os restaurantes do Porto estão aqui. Também existe uma lista de hotéis, entre outros.

A lista de bares ainda está à espera que apareça algum.... pois. Nós somos uns chatos por estarmos sempre a reclamar. Afinal existe muita oferta. É já a seguir...

sexta-feira, novembro 10, 2006

Pensamentos...

Hoje fiquei em casa... levantei-me, lavei-me, comi qualquer coisa e comecei a trabalhar. Passado umas horas, deu-me a "larica". Queria algo mais que cereais...

Tomei banho, cortei a barba, fui até ao café. A ideia nunca me agrada... mas detesto a sensação de estar preso em casa sem ter onde possa ir. Fui na mesma...

Maldita ideia. Apenas uma pequena ventoinha a extrair ar... no interior, 8 clientes, todos fumadores... Uma nuvem de fumo denso... como é possível alguém sentir-se confortável num ambiente destes? E mesmo ao lado de uma escola...

Comi o mais rápido que pude. Paguei. Saí. Que sensação horrível na pele, na cara... procurei alternativas... nada. mais de 10 cafés num raio de 500 metros... todos iguais... todos desconfortáveis, todos para fumadores... voltei para casa.

Já em casa, tive de ir lavar a cara e os olhos. Que inferno... tinha acabado de tomar banho. Maldito tabaco...

Voltou a sensação de prisão domiciliaria... é triste ser cidadão de segunda neste país... nada a fazer contra isto... o status quo está instalado...

Regressei ao trabalho...

sexta-feira, setembro 22, 2006

Cortinas de fumo - parte 3

Os condutores alcoolizados, os traficantes de carne branca, etc estão longe.
não sei quem são! Os fumadores estão à minha volta. Não posso fazer nada contra um traficante de armas a operar na Nigéria (inventei!!!) mas posso reclamar com o sacana que se sentou ao meu lado no restaurante e que tem o mesmo objectivo que o traficante de armas: matar-me. Até se pode dizer que é legitima defesa!!!

quarta-feira, setembro 20, 2006

Cortinas de fumo - parte 2

No dia a seguir à publicação do meu post "Cortinas de fumo", passei por uma situação que ajuda a reforçar as minhas afirmações. Estava no ginásio a comentar este tema, quando uma frequentadora do ginásio se juntou à conversa. Não nos conhecíamos mas ela rapidamente tomou parte da conversa. Comecei a reparar que ela não era muito receptiva às minhas ideias. Nestes casos, só para confirmar, costumo pergunto:

- "Fuma?".

E a resposta, sem grande surpresa minha, foi:

- "Sim!".

A partir daqui a conversa mudou um pouco de tom. Esta fumadora já não tinha necessidade de disfarçar. Os meus usuais argumentos relativos aos direitos dos fumadores passivos eram refutados com argumentos evasivos, como é costume. O facto do fumo de tabaco provocar morte prematura não é
relevante numa discussão com um fumador convicto. Segundo esta fumadora, o problema fica resolvido, com todas as partes satisfeitas, se os ambientes fechados forem bem arejados. Se bem percebi esta sugestão, é como ter uma piscina onde se vai adicionando veneno. Não faz mal a
ninguém desde que se vá renovando a água. Certo? Não me parece, mas continuemos.

Mas o final é que foi interessante. O último argumento foi:

- "Mas há outras coisas que me chateiam mais..."

Aqui, calei-me, e fiquei à espera...

- "Chateiam-me os condutores alcoolizados!"

Não aguentei e soltei uma sonora gargalhada. Mais uma prova a confirmar a minha hipótese do post anterior. Claro que, por educação, tive de explicar o motivo do meu riso e coloquei-a a par deste blog, mais concretamente ao que tinha escrito recentemente. A conversa, por outros motivos, terminou nesse ponto.

Já agora, aproveito a oportunidade para adicionar à minha lista referida no post "Cortinas de fumo", os condutores alcoolizados.

Grato pela atenção

quarta-feira, agosto 09, 2006

Cortinas de fumo

Normalmente gosto de "chatear" os membros das minhas listas de correio electrónico, colocando como assinatura, em rodapé, frases relativas às minhas duas "guerras" pessoais: A Microsoft e o maldito tabaco. A mais recente destas frases é a seguinte:

"Uma das piores enfermidades da sociedade moderna
é o tabagismo. A nicotina é uma verdadeira droga que
as tabaqueiras utilizam para TE extorquir dinheiro
à custa da NOSSA saúde. Deixa de fumar!"


Esporadicamente recebo respostas, não às mensagens em si, mas à assinatura propriamente dita. A última resposta que recebi foi a seguinte:

"110% de acordo...
Mas...
O trabalho infantil é bem pior e não vejo ninguém com tanto empenho para resolver este problema. À claro!! não prejudica terceiros, aliás eles até só dão lucro... e morrem prematuramente... mas são eles que morrem e claro não matam terceiros..."


Relativamente a este tipo de resposta, ao qual já estou habituado, o objectivo é cada vez mais transparente. Os defensores da causa dos fumadores, não tendo argumentos decentes para defender uma causa indefensável, utilizam a táctica da "cortina de fumo", isto é, tentam desviar o assunto para outro qualquer problema, grave ou não, de forma a afastar a discussão da temática do tabaco. Para os defensores desta causa, parece que enquanto existirem outros problemas no mundo não se pode discutir, ou alterar o status quo, do problema do tabaco. (Será que... se o tabaco fosse o último e único problema do mundo, os fumadores deixavam todos, e espontâneamente, de fumar? Não acredito...)

Já ouvi de tudo como argumentos de "cortina de fumo". O problema dos aparelhos de ar condicionado, a poluição automóvel, as drogas duras, o alcoól, as guerras. E agora acrescento a esta lista o trabalho infantil.

Mas o que pensam estas pessoas? Que não me importo com os restantes problemas do mundo? Que sou insensível a tudo o resto e só me aborreço com o maldito tabaco? Pensem novamente!!! Detesto guerras sob qualquer pretexto, guerras santas incluídas! Detesto a morte de inocentes! Sou contra a pena de morte, a escravatura, o tráfico de pessoas, o racismo, a intolerância sexual e religiosa, as touradas, qualquer atentado pontual ou continuado contra os ecossistemas mundiais e claro o trabalho infantil e a utilização de crianças em guerras. As crianças precisam de educação e brinquedos, não de granadas e metralhadoras. E numa escala menor também detesto a poluição automóvel, a corrupção dos governos mundiais, as tácticas comerciais ilegais (e não punidas) da Microsoft, entre outras injustiças deste nosso planeta.

No entanto, contrariamente à resposta que obtive, existem organizações mundiais (ONG) a lutar com empenho para resolver estes e outros problemas. Depois de uma rápida pesquisa na Internet deparei-me com a seguinte amostra:



Confiando que estas organizações estão muito mais habilitadas do que eu para lutar contra os problemas aos quais se dedicam, reservo-me o direito de escolha das minhas próprias insignificantes "batalhas" por comparação. Neste sentido, opto por criticar injustiças que estão presentes no meu quotidiano e com as quais tenho mais contacto e experiência.

Não me esquivo a uma discussão séria sobre tabaco. Mas se os defensores desta causa querem discutir sobre este assunto... que argumentem de forma válida e parem de nos atirar areia para os olhos.

Se vamos falar de tabaco, falemos de tabaco! Deixemos de lado os aparelhos de ar condicionado...

terça-feira, julho 04, 2006

Re: O que é seu, é nosso

Resposta ao artigo "O que é seu, é nosso" de Luís Silva saído na revista "dia D".

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Sr. Luís Silva, estava de férias quando li o seu artigo na revista diad (suplemento do jornal público) e sem acesso à Internet, por isso demorei a responder. Não tive dúvidas que é um fumador. Só assim se compreende as afirmações que faz neste seu artigo publicado a 26 de Junho de 2006. Só um fumador poderia estar a defender a causa dos fumadores. Como afirma no seu artigo, o tabaco faz mal, principalmente o fumo alheio a terceiros. O que provavelmente não deve saber é que basta um cigarro para conspurcar o ambiente de uma sala fechada. Relativamente ao seu artigo, a sua opinião até é interessante. A liberdade deve ser dada: aos proprietários para que estes decidam se o seu estabelecimento deve ser dirigido a fumadores ou não fumadores, a liberdade deve ser dada aos próprios clientes para que decidam se determinado estabelecimento é adequado ao seu nível de tolerância ao tabaco e graças à saudável concorrência, vão começar a aparecer, como cogumelos, estabelecimentos para não fumadores. Em que país é que o Sr. Luís Silva vive? Pense no número de restaurantes e cafés que conhece onde não seja permitido fumar. Pense no número de fumadores, que conhece, que respeitam a actual lei do tabaco. A próxima vez que sair à noite tente ir a um restaurante onde não se fume. A seguir tente ir beber um copo a um bar onde não se fume e a seguir porque não até dançar um pouco. Conseguiu? Tenho as minhas dúvidas.

Liberdade aos proprietários!? Eles não tiveram essa liberdade até agora? Se os proprietários tivessem uma preocupação genuína para com os seus clientes não fumadores, já teriam feito alguma coisa por esta altura. No entanto, qual é o resultado? Seria de esperar uma mudança de atitude dos proprietários com a nova lei, dando-lhes a hipótese de opção? Não me parece!

Liberdade aos clientes!? Boa ideia. Os clientes fumadores continuavam a ter a liberdade de fumar onde e quando lhes apetece e sendo assim ficava tudo na mesma. Os clientes não fumadores, não gostando, que fossem para casa... como vão agora.

A livre concorrência vai atrair investidores para espaços de lazer sem fumo? De que é que eles estão à espera? Talvez da nova lei do tabaco...

quarta-feira, maio 31, 2006

Coitadinhos dos fumadores...

Ultimamente debate-se muito o tema do tabaco. E, por incrível que pareça, transparece a ideia de que o bom senso apanhou a maior parte dos portugueses e estes, finalmente, concordam que o tabaco é uma coisa negativa. Claro que existem sempre os advogados do diabo que afirmam coisas ridículas como: "E os direitos dos fumadores?". A essas pessoas respondo o seguinte: O tabaco é um veneno! E mata, mesmo que lentamente. Quem é que neste momento tem os direitos todos? O direito de causar mau estar às pessoas em redor. O direito de fumar onde e quando muito bem lhe apetece? O direito de se sentir ofendido quando repreendido? O direito de achar que os avisos de proibição de fumar são meras sugestões?

Se houvesse mais respeito pelos não fumadores, talvez não fosse necessário novas leis. Não deveria ser. As existentes são suficientes. Mas não há respeito! Nunca houve! E da forma com anda o civismo, nunca haverá! E agora, os fumadores, querem o que? Respeito? Tivessem respeitado antes. O respeito não nasce nas árvores. É preciso merecê-lo.

Apenas 27% !?

Segundo os media, existem menos fumadores hoje do que existiam há uns anos atrás!? E pelo que dizem, apenas 27%!? Peço imensa desculpa mas não consigo acreditar neste valor. Quando ando na rua mais de metade dos peões fuma. Quando estou num café vejo fumadores em quase todas as mesas. Quando estou num restaurante vejo imensos consumidores dessa maldita sobremesa que é o tabaco. Se apenas fossem 27%, estatísticamente falando, devia ser possível encontrar algum local público sem a presença de fumadores. Mas a realidade é outra. Pela minha percepção, penso que os fumadores ultrapassem em muito a fasquia dos 50%. Só assim se explica como ainda conseguem manter o direito de ir matando lentamente os inocentes que com eles convivem.

Dia do não fumador? Não me apercebi...

(Publicado no jornal Metro do dia 1 de Junho de 2006)

E eis que chegamos a mais um dia do não fumador. Sinceramente não entendo a utilidade deste dia. Nota-se alguma diferença para os restantes dias do ano? Será que neste dia especial do ano os fumadores comportam-se como cidadãos cívicos e respeitadores? Isto é, abstêm-se de fumar em lugares fechados, nas paragens dos transportes públicos, nos restaurantes, nos cafés, nas escolas, nas casas de banho, passam a respeitar as grávidas e as crianças, tomam consciência do mal estar que provocam, aos inocentes que os rodeiam, e exercem o seu vício de forma a não incomodar terceiros. Não era bom que fosse dia do não fumador todos os dias? Mas não noto diferença alguma neste dia. Os fumadores mantêm o seu hábito de causar mal estar aos que os rodeiam com a sua costumeira indiferença.

quarta-feira, abril 12, 2006

Quem é que precisa de ser protegido!?!?

No passado dia 6 de Abril num dos jornais diários gratuitos, o Sr. Rui Pedro Batista escreveu uma crónica de título ?E quem protege os fumadores??. Claro que, devido ao meu interesse, foi a primeira coisa que li nesse jornal. O Sr, Rui Batista começa bem, afirmando o que todos já sabemos: que o tabaco faz muito mal à saúde e que os fumadores passivos não têm que ser obrigados a inalar a nicotina provocada por terceiros. Conclui este parágrafo com uma conclusão, na minha opinião, inocente, ou seja, que estamos todos de acordo com estas afirmações. Todos quem? Os fumadores e os não fumadores? Não me parece. Se assim fosse, não havia necessidade de uma lei mais rígida que realmente protega os fumadores passivos.

O que escreve a seguir ainda é mais caricato. Segundo este senhor ultimamente parece que se está a fazer uma perseguição aos fumadores. Coitadinhos dos fumadores que andam tão oprimidos ultimamente que precisam de ser protegidos. E os fumadores passivos? Quem é os protegeu estes anos todos? Parece-me que nos estamos a esquecer de um ponto importante nesta questão. Quem é que está a degradar a saúde de quem? Quem é que realmente precisa de ser protegido?

A ideia do Sr. Rui Batista em criar locais para fumadores e locais para não fumadores é novamente inocente. Quem é que decide? Os proprietários dos estabelecimentos? Se esta ideia tivesse pernas para andar, já estava implementada neste momento e não era preciso uma nova lei. Quem é que está a impedir os proprietários de proibirem o consumo de tabaco nos seus estabelecimentos? A ideia até podia ser aplicável num país onde houvesse mais bom senso, mas estamos em Portugal. Bem que podíamos esperar sentados.

A analogia, nesta crónica, dos diferentes tipos de restaurantes é cómica. Segundo o Sr. Rui Batista, existem restaurantes vegetarianos e restaurantes de comida menos saudável, portanto, seguindo esta ordem de ideias, deveria haver restaurantes com fumo e restaurantes sem fumo. O problema é que a analogia não parte de uma premissa válida. Quando vamos a um restaurante, não somos obrigados a comer o que os outros clientes estão a comer.

sexta-feira, janeiro 20, 2006

Comentário: "Nova legislação do tabaco avança em versão suave"

Encontrei este texto no meio dos meus ficheiros antigos. A notícia já é de 12 de Janeiro de 2005. Como o tempo passa... e o tempo que o governo leva a aprovar esta lei...

Bem, avante. Tive pena de condenar este texto ao esquecimento. Assim, para que fique registado, aqui está ele. De certeza que ainda tem observações válidas...


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Comentários à notícia:

"Nova legislação do tabaco avança em versão suave"
http://dn.sapo.pt//2005/01/12/tema/nova_legislacao_tabaco_avanca_versao.html

"... Por outro lado, a versão final da lei deverá incorporar sugestões das tabaqueiras."

Ninguém vê um conflito de interesses nesta situação? Eu até acho que deviam ir mais longe. Deixem que a lei seja totalmente escrita pelas tabaqueiras. De certeza que vão ter como interesse máximo a "necessidade de proteger os fumadores passivos e pela promoção de estilos de vida saudáveis."

"A contraproposta apresentada ao Governo passa por aceitar a proibição total do consumo de tabaco em espaços cuja frequência não seja opcional locais de trabalho, repartições públicas, escolas, unidades de saúde e transportes colectivos. Ou seja, sítios considerados de visita obrigatória, que as pessoas não podem evitar."

Esqueceram-se das casas de banho. Já cheira mal q.b.!!! Não seria mais fácil de colocar esta lei por escrito se se assumisse que era proibido fumar por omissão, excepto nos lugares indicados? Assim não era necessário enumerar os locais onde É proibido.

"Por oposição, a proibição de fumar em restaurantes, bares ou discotecas seria deixada à consideração dos proprietários, seguindo o princípio «da liberdade dos agentes»."

Pronto!!! Vai ficar tudo na mesma. Nas discotecas e bares ainda aceito mas nos restaurantes é incompreensível. Alguém acha (mesmo os fumadores) agradável estar num restaurante com o senhor do lado a gerar lixo atmosférico a rodos simplesmente porque já terminou a sua refeição?
Claro que deixando ao critério dos proprietários a situação actual vai-se manter. É típico dos comerciantes pensar que vão perder clientes. São nabos!!! Existem muitos NÃO fumadores que não frequentam mais esses locais precisamente por causa do fumo.

Isso levanta também a questão da liberdade do cidadão português. Que eu saiba a liberdade de uma pessoa termina quando começa a de outra. No caso dos fumadores não vejo isso a acontecer. Um fumador tem a liberdade permanente de fumar sempre que lhe apetece e fá-lo como se disso dependesse a sua vida. E onde está a liberdade de um NÃO fumador de não fumar o veneno provocado pelos fumadores? Os NÃO fumadores portugueses não têm esse direito. Somos cidadãos de segunda classe. E extremamente tolerantes...

Segundo o governo, o fumo MATA. (Ainda por cima os hipócritas são quem mais dinheiro ganha com a venda do tabaco.) Portanto um fumador anda a matar lentamente quem o rodeia. Matar não é um crime?

"... a aplicação da lei nos locais de trabalho é a grande inovação. Os trabalhadores fumadores apenas poderão consumir tabaco se as empresas criarem salas de fumo com ventilação independente. Escolas, hospitais ou transportes públicos são já livres de fumo à luz das leis existentes, apesar de estas nem sempre serem cumpridas - e a estes juntam-se ainda cantinas e refeitórios, lares e outras instituições para idosos."

Passa a ser proibido fumar nos locais de trabalho??? E nos restaurantes? Não trabalha lá ninguém? De certeza que todos os trabalhadores da indústria hoteleira são fumadores.

Neste país perdemos o bom senso, o civismo e o respeito pelo semelhante. Os fumadores sabem que não podem, sabem que não devem, sabem que faz mal a eles a a todos os que os rodeiam e sabem que incomodam mas o egoísmo deles é tanto que não se conseguem coibir de "puxar" de mais um cigarro independentemente do local onde se encontram. Os exemplos não faltam (infelizmente) no nosso quotidiano.


Rui Gouveia

quarta-feira, janeiro 18, 2006

Agora são os galheteiros...

(Publicado no jornal Metro do dia 20 de Janeiro de 2006)

O governo proibiu os galheteiros de azeite nos estabelecimentos de restauração, passando estes a ter de servir este tempero em embalagens individuais. Sem dúvida nenhuma por motivos de saúde pública. Há algum tempo atrás passou a ser proibido servir água em garrafas de plástico pois estas são facilmente violáveis. Mais uma vez por motivos de saúde pública. Não tenho nada de relevante a acrescentar, ao que já foi escrito na imprensa nacional, sobre este assunto. No entanto, fico perplexo com estes governos que se preocupam tanto com o que comemos, que se preocupam tanto com o que bebemos mas não se preocupam com a qualidade do ar que respiramos nestes mesmos estabelecimentos de restauração. Acho que os nossos governantes não têm a noção de que os humanos sobrevivem de acordo com a regra dos três: três dias sem beber água, três semanas sem ingerir comida mas apenas três minutos sem respirar! Contudo, enquanto esperamos por uma refeição num restaurante, que respeita todas as leis em vigor, somos envenenados através das mais de 4000 substâncias tóxicas existentes no fumo de tabaco. É veneno que anda no ar que respiramos. Mas parar de respirar não é solução pois seria grande a probabilidade de morrer asfixiado, mesmo antes de ter tido tempo de beber água contaminada ou de ingerir azeite impróprio para consumo. Agora foram os galheteiros. Para quando o maldito tabaco?

domingo, janeiro 01, 2006

Crianças ou doentes mentais?

(Carta enviada ao jornal Destak e publicada no dia 10 de Janeiro de 2006)

Saudações,

Na passada Quarta-feira, para variar, não li a página do leitor. Sendo assim não participei na pergunta do dia sobre o tabaco, a qual iria participar de certeza pois é um assunto que me interessa bastante. Estou a escrever, não para discordar, mas para concordar completamente com os leitores A. José e Sara Capote, publicados na edição de Quinta-feira. Na questão dos restaurantes, o problema não é apenas o restaurante apontado como exemplo, são quase todos os restaurantes deste atrasado país. Nas questões legais o problema é mais complexo. A legislação em vigor perdeu, pelo caminho, o objectivo essencial que deveria ser proteger os cidadãos que não fumam. Afinal o tabaco faz mal, ou não? Provoca cancro e doenças respiratórias, ou não? Mata ou não mata? As organizações de saúde dizem que sim, mas ninguém parece importar-se muito com isso.

Neste momento, a legislação em vigor, preocupa-se em garantir o direito dos fumadores de continuarem a fumar onde e quando lhes apetece. Em relação aos direitos dos fumadores tenho a dizer o seguinte: Se um fumador tem o direito de fumar, um não fumador tem o direito de não fumar. E numa democracia, os direitos de um cidadão terminam onde começam os direitos dos outros. Deste modo, e neste caso, para garantir os direitos de ambas partas, o bom senso aponta no sentido de se proibir o tabaco onde não existam condições para permitir fumar. Em Portugal, o que já há muito deixou de me surpreender, faz-se o contrário, ou seja, na ausência de qualquer indicação em contrário, assume-se que é permitido fumar.

O civismo também é coisa do passado. Longe vão os dias em que por respeito se apagavam os cigarros na presença de uma mulher grávida. Voltando à legislação, pode-se concluir que esta trata os fumadores como crianças ou doentes mentais, uma vez que aos olhos da lei, uma pessoa que padeça de um vício é uma pessoa doente. E como pessoas doentes que são merecem mais tolerância por parte do estado. Acho isso muito bonito numa sociedade, mas a lei também prevê a situação em que uma pessoa doente ponha em causa a integridade das pessoas que a rodeiam, neste caso a saúde pública. Acho que nestes casos são utilizadas camisas de força...

Rui Gouveia